segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Coisa Boa

        Meus pais se separaram quando eu era bem pequeno, nem me lembro mais, eles se amavam muito, mas o casamento não deu certo porque meu pai era muito ciumento. Um dia minha mãe se cansou e foi embora. Apesar disso eu amava meu pai, ele me tratava bem, nunca bateu em mim, escrevia poesias e tocava violão, eu só via ele nas férias, mas minha madrasta não gostava que eu e meu irmão o víssemos, tinha ciúmes da gente porque éramos filhos de outra mulher. Eu ficava muito tenso quando ia pra lá sabendo que não era bem vindo, mas um dia eu me cansei daquilo e nunca mais vi meu pai, só anos depois.
        Foi minha mãe quem me criou, mas não arranjou um homem muito bom para ajudá-la nessa tarefa, ele não apreciava o fato de eu e meu irmão sermos filhos de outro homem, tinha ciúmes e demonstrava isso de forma violenta. Eu não gostava de ficar em casa, preferia dormir na casa de algum amigo e quando percebia que ele tinha pai e era bem vindo em casa, ficava querendo ir morar lá, pensando em ser irmão dele, às vezes pensava em fugir de casa, pensava até em matar aquele homem, na minha cabeça de criança.
        Foi duro pra mim ser filho de pais separados não pelo fato deles estarem separados um do outro, mas de eu ter sido separado deles no momento em que eu mais precisava, porque eu era só uma criança. Minha mãe só foi feliz no amor pela primeira vez depois que conseguiu sair daquele relacionamento. E eu, que tanto sofri por causa dos ciúmes dos relacionamentos anteriores dos meus pais, me vi, quando apaixonado, ciumento e possessivo, me tornei aquilo que tinha jurado nunca ser. Fiquei magoado, sofri muito, senti uma dor imensa, sabia muito pouco ou quase nada sobre o amor, hoje agradeço, pois aprendi que amor de verdade é outra coisa e é coisa boa.

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