domingo, 16 de outubro de 2011

Só é possível sonhar só

As vezes acordo com um sensação estranha, sei que foi um sonho, mesmo que não lembre com o que sonhei.
Já ouvi falar que sonhamos para digerirmos os acontecimentos da vida e quanto mais eu vivo e quanto mais eu sonho, menos percebo o "real" como distinto do onírico, tenho lembranças de sonhos antigos que são mais vívidas do que de acontecimentos reais.
Acho plenamente possível que eu esteja dormindo agora em um universo paralelo, sonhando o que considero a vida real nesse momento.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Navio Pirata

Vou andando pelas ruas para atravessar
as madrugadas dessa vida que somem no ar
como a fumaça do cigarro e as ilusões
de amores mortos que nos seguem como assombrações
 
Navegando só, em uma caravela
sou um pirata sanguinário no oceano
a procurar pelos tesouros escondidos
na rede de informações tão preciosas

Passeando pelo tempo como um viajante

eu procuro coisas raras num ato incessante
nas esquinas da cidade com meu passo errante 

como um louco embriagado, vago pelo instante

Mergulhando no infinito de um segundo
encontro náufragos momentos lá no fundo
do abismo onde fica o fim do mundo
e tudo acaba para sempre, sempre e sempre.  

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Só é bom se doer

        Alguns homens me recriminam por falar sobre sentimentos publicamente, eles acham que isso é sinal de fraqueza, temem o julgamento das mulheres porque acham que tem que fazer a imagem do garanhão, que se homem falar de sentimentos abertamente vai ser taxado de bonzinho ou ingênuo. Na verdade não estou nem um pouco preocupado com isso, fazer uma imagem, não gosto de propaganda, porque toda propaganda é enganosa,  me interesso mais pelos mistérios da vida. 
        Vejam bem, a vida é muito mais interessante do que televisão, cinema ou literatura, quem vive intensamente vê poesia em tudo, até no mais simples e trivial momento e é bom lembrar que a vida não é nossa, a gente só pegou emprestado um pouquinho. Então, viver atrás de máscaras é viver numa prisão, quanto mais a pessoa se esforça para tentar ser diferente do que é, apenas para agradar os outros, principalmente as pessoas do sexo pelo qual tem atração, mais medo ela tem de que não gostem ou deixem de gostar dela e quanto mais medo ela tem, mais máscaras usa e aí se torna neurótica, tipo um cachorro correndo atrás do próprio rabo e não aproveita suas experiências, não cria vínculos verdadeiros e provavelmente vai ter que fazer terapia um dia para não surtar.
        Não tenho vergonha de falar sobre as minhas paixões não correspondidas, não acho que seja grande coisa, talvez tenha sido um pouco mais doloroso do que ter a unha do dedão de um pé arrancada jogando bola descalço na rua quando criança.
        Experiências ruins e dolorosas são comuns na vida de todo mundo, o que varia é a forma como as interpretamos. Imagine uma pessoa que tenha um filho assassinado, ela pode se revoltar, ficar ressentida e se tonar obsecada por vingança ou pode começar a se questionar sobre a morte, compreender as causas da violência, superar a perda e começar a lutar por um mundo menos violento. Todos sofremos, cabe a cada um escolher entre o perdão e a vingança, eu escolhi o perdão.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O cafajeste e o mito do homem impossível


        Uma coisa que sempre me deixou perplexo sobre o comportamento feminino foi o fenômeno das fãs histéricas. Quando eu estava na oitava série havia uma legião de garotas que se descabelavam por causa do Bon Jovi, que choravam e desmaiavam por causa do Michael Jackson, também tinham aquelas que eram apaixonadas pelo playboy do colégio, ele era de uma família muito rica, ia de carro importado pra escola todos os dias, só andava com as melhores roupas de marca e tudo mais, comeu todas as meninas da escola, inclusive aquela menina que sentava do meu lado na minha sala, por quem eu era apaixonado.
        Mais antigamente, haviam legiões de fãs histéricas do Elvis, dos Beatles e do Jim Morrison, hoje em dia você vê milhares de meninas se descabelando pelo Justin Bieber, Nx Zero, Cine, Restart e etc, esses dias assisti um documentário sobre psicopatas nos Estados Unidos, tinha um em particular que fez muito sucesso chamado Richard Ramirez, matou mais de 13 mulheres, havia uma multidão de fãs histéricas do lado de fora do tribunal no dia do seu julgamento, uma fã inclusive se casou com ele na prisão antes dele ser executado.
        O fato é que não importa se é um cara interessante, rico, psicopata, famoso, gay, feio ou bonito, o que interessa mesmo é que ele seja impossível e inacessível, não no sexo, porque não precisamos de uma pessoa real para gozarmos, pra mulher é mais fácil ainda, um vibrador basta.  O cara tem que ser inacessível no sentimento, seja porque é um cara famoso, que ela nunca vai conhecer na vida real, ou porque ele é um cafajeste e só quer comer todas, ou porque é gay e nunca vai se apaixonar por uma mulher, ou porque é um padre e fez voto de castidade, ou porque é um psicopata e não tem sentimentos, enfim, a questão não está em nenhum homem em particular, mas numa fantasia feminina.
        É mentira que ninguém sabe o que as mulheres querem, os cafajestes sabem muito bem que basta alimentar essa fantasia absurda do homem impossível na cabeça delas e ser frio o bastante para não se envolver para fazer com que elas abram as pernas. O cafajeste existe ou porque é um cara insensível, desonesto e egocêntrico naturalmente ou porque as mulheres o tornaram assim, os cafajestes podem ser homens maus de verdade ou maus apenas com as mulheres, existem cafajestes que são extremamente sensíveis, leais e generosos para com os amigos, os parentes e todo mundo, menos com as mulheres, mas porque? Porque ser cafajeste é um mecanismo de defesa que muitos homens desenvolvem depois de sucessivos traumas e decepções  amorosas.
        O mito do homem impossível origina a não identificação dos homens com as mulheres, é uma forma de não se envolver e isso é péssimo, porque se baseia no mesmo mecanismo que os assassinos usam para matar, os ladrões para roubar e os golpistas para enganar suas vítimas, por isso um homem, para agir como cafajeste tem que em algum nível usar esse mesmo mecanismo. Através da não identificação, do não envolvimento emocional é possível usar o outro sem sentir remorso nem compaixão, é possível enxergar o outro como objeto.